Palavras abraçam. Aproximam. Acolhem. Fazem do silêncio ponte, do coração tradução, da dor um caminho.

Renata Feldman faz das palavras matéria-prima. Seu trabalho é feito de escuta, acolhida, interação, escrita.

Seja no refúgio da psicologia clínica, nos livros publicados ou posts aqui do blog, palavra é preciosidade.

Entre, aconchegue-se e fique à vontade. É uma alegria dividir este espaço com você.

Flor decorativa
Filhos

AF e DF

12 May, 2017

Já que inventaram o Dia das Mães, a gente comemora. Chora de emoção com cada cartão feito na escola, faz hora pra esperar o café na cama (digno de minichefs), se esparrama em apertados abraços de urso, faz escândalo quando desembrulha o presente, chora de novo lembrando o primeiro chorinho, o primeiro contato visual (ah, essas janelas da alma onde o sol nunca se põe…); e vai rememorando o aconchego de sempre, o eterno útero de mãe, a lindeza e a dificuldade de amamentar, o primeiro sorriso, a primeira papinha, os primeiros passos, a dor do crescimento que dói também na gente, o primeiro tombo, a primeira recuperação, o flagra da Fada do Dente, os ensinamentos pra vida toda, um tanto de amor que não cabe no calendário. Simplesmente não cabe.

Além de CPF, RG, CRP, sou feita também dessas duas siglas, Antes dos Filhos e Depois dos Filhos (AF e DF), divisor de águas que deságua  feito cachoeira no coração.

Quem falou que precisa de Dia pra lembrar dessa emoção que me acorda e me adormece todos os dias? Quem falou que precisa de um domingo para oficializar todos os outros domingos, segundas, terças, …, sextas (…)?

Mas, já que “precisa”,  a gente segue à risca e obedece o figurino. Faz desse dia especial um resumo de todos os outros dias indizíveis da minha vida, antes e depois e sempre, de janeiro a janeiro, rima de amor inteiro. E faz também o melhor arroz do mundo pra comer na cumbuca, antes do almoço ir pra mesa, como reza a deliciosa tradição de todos os outros domingos. Simples assim.

Ah, meus filhos. Desde que saíram daqui de dentro (nunca vão sair), impossível não me enxergar em vocês, metade da extensão mais linda de mim. Vocês são o meu presente, meu passado, meu futuro, minha história, meu rotineiro Dia das Mães.

Compartilhar este post

Posts Relacionados

Carta à Clarice Lispectoremoção

Carta à Clarice Lispector

Querida Clarice, Já se passaram alguns dias do nosso encontro no teatro. Queria ter escrito já no dia seguinte, transbordando que estava de emoção, mas o correr desenfreado do tempo fez com que os rascunhos acabassem guardados em uma gaveta do coração. Ah, como chorei: ao te ver, te ouvir, te sentir. Como foi bom te ver viva, vivíssima, através da belíssima atuação de Beth Goulart (tão linda, tão parecida fisicamente com você, impressionante!). Atriz e escritora se fundiram, pessoa e personage

13 de out. de 2025Ler mais →
Foi-sevida

Foi-se

Agosto foi embora e eu nem vi. Vivi. Muito, intensamente, cada segundo desse mês que geralmente se mostra - se sente - tão longo, tão grande, exageradamente demorado. Cadê? Passou, fui, ui, o tempo está mesmo voando. (Ou fui eu que não parei.) Agosto dos ventos uivantes, gelados. Das notícias ruins para quem acredita em superstição. (Ou no próprio desenrolar dos fatos, é fato...) E também das notícias boas, assim é a vida, gente querida andou nascendo e soprando velas por aqui. Viva! E teve na

1 de set. de 2025Ler mais →
Estou aqui.cinema

Estou aqui.

Sim, eu sei. Perdi o timing. Me perdi em meio à minha emoção, à minha ação. (Acho que fiquei paralisada, fora do ar, sem palavras.) Aí a vida veio passando, outros filmes também, e aqui estou: atrasada feito o coelho da Alice, "é tarde, é tarde, é tarde", mas aqui estou. Preciso ticar essa pendência. Check. Pode ser que você não leia, já tenha se saturado com o assunto, vou entender. Mas preciso escrever, a dívida é comigo mesma. E antes que você vá embora, te adianto um pequeno spoiler: o post

28 de jul. de 2025Ler mais →

Comentários

Seja o primeiro a comentar!