Já que inventaram o Dia das Mães, a gente comemora. Chora de emoção com cada cartão feito na escola, faz hora pra esperar o café na cama (digno de minichefs), se esparrama em apertados abraços de urso, faz escândalo quando desembrulha o presente, chora de novo lembrando o primeiro chorinho, o primeiro contato visual (ah, essas janelas da alma onde o sol nunca se põe…); e vai rememorando o aconchego de sempre, o eterno útero de mãe, a lindeza e a dificuldade de amamentar, o primeiro sorriso, a primeira papinha, os primeiros passos, a dor do crescimento que dói também na gente, o primeiro tombo, a primeira recuperação, o flagra da Fada do Dente, os ensinamentos pra vida toda, um tanto de amor que não cabe no calendário. Simplesmente não cabe.
Além de CPF, RG, CRP, sou feita também dessas duas siglas, Antes dos Filhos e Depois dos Filhos (AF e DF), divisor de águas que deságua feito cachoeira no coração.
Quem falou que precisa de Dia pra lembrar dessa emoção que me acorda e me adormece todos os dias? Quem falou que precisa de um domingo para oficializar todos os outros domingos, segundas, terças, …, sextas (…)?
Mas, já que “precisa”, a gente segue à risca e obedece o figurino. Faz desse dia especial um resumo de todos os outros dias indizíveis da minha vida, antes e depois e sempre, de janeiro a janeiro, rima de amor inteiro. E faz também o melhor arroz do mundo pra comer na cumbuca, antes do almoço ir pra mesa, como reza a deliciosa tradição de todos os outros domingos. Simples assim.
Ah, meus filhos. Desde que saíram daqui de dentro (nunca vão sair), impossível não me enxergar em vocês, metade da extensão mais linda de mim. Vocês são o meu presente, meu passado, meu futuro, minha história, meu rotineiro Dia das Mães.
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