Amor

"A teoria de tudo"

20 March, 2015

a-teoria-de-tudo

As luzes se acenderam. O letreiro subiu. O lenço encharcou.

Saí do cinema mas o filme não saiu de dentro de mim.

“A Teoria de tudo” coloca em prática a temática que nos acompanha desde sempre: o tempo, este inexorável e (nem sempre) tenro senhor.

Que horas são? O que você fez hoje? E ontem? Como tem passado?

Quando nasceu? Quando morrerá?  O que fará nos próximos meses, anos, décadas a fio? Vazio. Páginas em branco para você preencher como quiser, puder e sonhar. Não tão simples assim. Mas possível, sim.

Suas escolhas. Suas ideias. Seus projetos, desafios, desatinos. Sua viuvez, seu casamento. Sua lua, sua labuta, seus neurônios já cansados, suas fórmulas brilhantes. Latim ou esperanto?

Astrofísica, termodinâmica, química, sintonia, serotonina, corpo, cosmologia, tantas “ias”. Tantos “ais”.

E se você pudesse voltar no tempo, o que faria? (…)

Impossível voltar a fita, sinto lhe dizer. O que dá é para olhar pra frente e seguir adiante, avante, lá onde a vida te espera.

Stephen Hawking, protagonista do filme e de uma vida absolutamente linda, foi um desses caras. Aos 21 anos recebeu o diagnóstico de  ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), três letras que contém uma doença rara, degenerativa, incurável, paralisante. Literalmente.

Perdeu os movimentos, a  fala, a força para manter a cabeça erguida. Mas só fisiologicamente. Ganhou o amor da sua vida, três filhos, uma cadeira de rodas, uma traqueostomia, um sintetizador de voz, três netos e uma carreira brilhante como pesquisador, professor, astrofísico, descobridor de teoremas, partículas subatômicas, buracos negros e cenas as mais lindas: “- Olha só o que nós fizemos”, disse para sua mulher ao contemplar os filhos correndo pelo jardim.

Os médicos deram apenas dois anos de vida. Deus deu mais 52, e Hawking continua “de pé” até hoje. “Logo Deus”,  tão antagonizado nas suas teorias, tão presente no seu ateísmo e também em uma de suas frases mais lindas: “Enquanto houver vida, haverá esperança.”

Amém, Stephen Hawking. Que através da sua história possamos enxergar o tempo com um olhar mais amoroso, acreditando que até mesmo as teorias mais difíceis podem ser colocadas em prática.

Eu, que jamais imaginei me encantar pela física, muito antes pelo contrário, aqui estou, fascinada por tudo o que aprendi com você nestas duas horas de filme. Muito obrigada.

Comentários

Seja o primeiro a comentar!