Enfim, férias. Escolha o destino, arrume as malas e bye-bye rotina.
Olha o picolé! Olha o queijinho assado na brasa! Camarão no capricho, tá servido? Água de coco gelada, sombra e água fresca, quem vai querer?
Eu quero. Ah, meu Deus, como eu mereço. Estender a canga na areia, pensar em nada, grudar no meu livro da Martha Medeiros e ouvir o barulhinho do mar.
Barulhinho do mar tá em falta. A música da barraca tá alta, um tchê tchererê só.
– Ô, amigo, pra essa sua barraca ficar perfeita, tinha que ter uma MPB…
– MP o quê?
E assim caminha a nossa querida música popular brasileira. Sem voz, ruidosamente abafada pelo animado ritmo do sertanejo universitário, funk ostentação e outras baladas mais.
Longe de mim cortar o barato de quem adora um tchu, um tcha, dependendo da dose e do momento vá lá.
Mas só isso? O tempo todo? No último grau? Acho que estou ficando velha.
Tudo por uma Marisa Monte, um Djavan, um Chico Buarque ensolarando ainda mais o meu verão.
“E por falar em saudade”, onde anda Rita Lee, Caetano, Gilberto Gil?
Fecho os olhos e escuto, na minha imaginação nostálgica, Legião, Engenheiros, Paralamas. Isso é que é parada do sucesso. E num volume decente, que é pra não atrapalhar a música que vem do mar.
Abro os olhos e vejo minha filha batendo a mãozinha debaixo do queixo e cantarolando “Você vai ficar ba-ban-do.” Começa outra música no talo e me lembro de uma sobrinha que daria tudo para estar aqui requebrando no mesmo ritmo. (Acho que ela não vai gostar nada deste post.)
Comento o assunto com o meu marido, digo que vou escrever sobre isso no blog. Ele diz que estou coberta de razão mas música não se discute, cada um na sua, por ele a barraca só tocava o hino do Galo.
E já que rir é o melhor remédio (vitamina “R” na veia, desopila o fígado e faz bem ao coração), vamos que vamos. Apelidei o moço da barraca de deejay e disse a ele que vim de longe pra comer o melhor peroá com farofa do mundo, mas com fundo musical à altura.
O danado é esforçado e não quer perder a freguesia, deu seu jeito e fez o melhor que podia: botou a Paula Fernandes pra tocar.
Marina P. Souza says
Kkk adorei!.Estou me vendo na sua historia! Vivi isso semana passada…ô luta!…por fim coloquei meu fone de ouvido!.
Renata Feldman says
É isso aí, Marina! O que não dá é pra “deixar entrar areia” nesse nosso momento sagrado chamado férias, não é?
Rita de Cassia Ribeiro says
Q delícia!!! Kkkk…q texto divertido, Renata!!! Fico feliz em saber q vc não permitiu q a poluição sonora jogasse areia nas suas férias!!!! Bj
Renata Feldman says
Imagina se eu ia deixar entrar areia, Rita! Férias são sagradas! Beijo carinhoso, querida!
Ana says
Adoro uma MPB, Renata! Música de qualidade e que faz um bem danado! Música, com certeza, é uma das minhas paixões. Saudade, querida! Beijos.
Renata Feldman says
Mais um motivo pra nossa sintonia ser tão afinada, Ana! Beijos carinhosos!