Eu choro, tu choras, eles chora, nós choramos. Choro rompido, doído, afunda meus olhos. Seus. Nossos. Do mundo inteiro.
Quantos olhos mais terão que assistir à mesma cena? Uma vez só já não bastava? Não era suficiente? Cadê o “nunca mais” que eu jurava existir? Quem o tirou de mim?
O “nunca mais” se transformou em “mais uma vez”. Lágrimas de lama, lamento, será que dá pra voltar no tempo? E fazer diferente, direito, com responsabilidade, amor e cuidado, minha gente. Por Mariana, Brumadinho, pelas montanhas de Minas já tão sofridas, já tão despidas. Por mim, por você, por nós que afundamos um tanto também. E sentimos, tanto: susto, dor, tristeza, indignação, pesar, desesperança, lamento. Algo também se rompe dentro da gente. Algo também se rompe dentro da gente. Algo também se rompe dentro da gente, vou ter que escrever mil vezes.
Onde se vê vida leia-se gente, natureza, trabalho, progresso, luta. Só não pode ser “vale-tudo”. Desse jeito não vale, não pode valer. Não pode ser.
Selma says
“Nunca mais” durou muito pouco.
Renata Feldman says
Muito pouco. Pouquíssimo. Quase nada, pra falar a verdade. A gente quase morre de tristeza.
Cesar Vieira says
Que este choro nos ajude a resolver estes problemas, querida Renata!
Renata Feldman says
Sim, Cesar. “Problemas” no plural, na sua dimensão mais gigantesca e profunda. Que este luto coletivo nos traga força e barre, de verdade, tudo o que é contrário ao certo, ao ético, ao amor e ao humano.
Angela Belisário says
Amiga, dessa vez não tenho palavras, tá doendo muito ver as nossas serras sumirem nas mãos desses inconsequentes.
A vida dos pessoas para eles não tem valor…
Espero que desta vez tomem uma atitude mais drástica para não ter a próxima. Vi algumas fotos de outras represas e fiquei assustada.
Abraços, beijo carinhoso.
Renata Feldman says
Dói muito sim, Angela. Poderia ter sido tão diferente, não é? Não foi. Agora nos resta olhar para o daqui pra frente. E que nele esteja escrito em letras garrafais, cravadas na terra, o meu – o nosso – “nunca mais”.
Beijo, querida.
Vera Mesquita says
Sem palavras pra expressar o que sinto diante de tamanha tragédia… Soco no estômago, dor no coração que bate descompassadamente… Sem entender… E vem a pergunta: Até onde vai a irresponsabilidade, a ganância das pessoas?… E quem irá responder às perguntas das crianças, mães, maridos, esposas, irmãos?… Não é possível voltar no tempo e fazer diferente!
Até quando?… Até quando?… Até quando?…
Abraço carinhoso, Renata!
Renata Feldman says
Não há mesmo palavras que cheguem, Vera. A dor é visceral, como você muito bem descreveu. Ficamos sem chão, de novo, literalmente.
Que não nos falte força e serenidade para seguirmos em frente.
Abraço carinhoso, minha querida.