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Artigos em luto

"O pior vizinho do mundo"Vida

"O pior vizinho do mundo"

Quem nunca teve uma relação difícil pra contar? Um vizinho chato, sistemático, rabugento? Fui ao cinema (feliz da vida, um dos meus programas prediletos) achando que iria assistir a uma comédia leve e divertida sobre o assunto, tão comum e clichê. Acertei. Mas “O pior vizinho do mundo”, estrelado pelo talentoso Tom Hanks, foi muito além da leveza e da diversão. Que filme lindo. Tocante, profundo, emocionante. Saí do cinema com a alma quentinha. Costumo dizer que algumas sit

29 de jan. de 2023Ler mais →
Com toda a certezaAmor

Com toda a certeza

Carregamos algumas certezas pela vida afora. E algumas incertezas também. Sabemos o caminho de casa, que dia é hoje, qual o nosso tipo sanguíneo. Fazemos contas, planejamos viagens, consultamos a meteorologia, marcamos médico, preparamos o jantar. E dá-lhe planos, rotina, agenda, mochila, terno, gravata, pés descalços, pausas sagradas para oxigenar o batente. A trivialidade da vida nos convida a atentar para os ponteiros do relógio, fazer a lista do sacolão, organizar  gavetas, responder

5 de fev. de 2020Ler mais →
"Toca o barco"Vida

"Toca o barco"

Tem pessoas que a gente gosta de graça. Sem fazer a menor força. Mesmo sem conhecer de perto. Mesmo sem nunca ter saído pra tomar um café, como fazem os amigos. Mesmo sem ter o mesmo sangue correndo nas veias ou lugar certo no almoço de domingo. Mesmo sem nunca ter conversado, pode? Pode. Algumas pessoas se fazem gostar (eu diria até amar) naturalmente, por unanimidade, pelo jeito especial que têm de tocar o coração da gente e acender uma afinidade que não tem tamanho nem volta. Assim era o

14 de fev. de 2019Ler mais →
BrumadinhoTrabalho

Brumadinho

Eu choro, tu choras, eles chora, nós choramos. Choro rompido, doído, afunda meus olhos. Seus. Nossos. Do mundo inteiro. Quantos olhos mais terão que assistir à mesma cena? Uma vez só já não bastava? Não era suficiente? Cadê o “nunca mais” que eu jurava existir? Quem o tirou de mim? O “nunca mais” se transformou em “mais uma vez”. Lágrimas de lama, lamento, será que dá pra voltar no tempo? E fazer diferente, direito, com responsabilidade, amor e cuidado, minha gente. Por Mariana, Brumadinh

30 de jan. de 2019Ler mais →
SaudadeAmor

Saudade

Quem é que nunca sentiu o coração apertar de saudade? Aperta, arde, salga, espreme, esperneia. Saudade tem cheiro de mar, olhos parados lá longe, tontura de uma lonjura que parece não acabar. Ai. Que bom que acaba. Que bom que a gente pode se perder na quentura boa de um abraço, até ninguém mais te achar. Achou? Então vai lá e dá mais um. E outro. Mais um, mais um. É tanta saudade que já virou terapia do abraço. Saudade com prazo de validade é a melhor coisa que existe. Afeto cur

20 de jul. de 2017Ler mais →
Tem alguém aíAutoestima

Tem alguém aí

Esta cena você já viveu algum dia: a pessoa perde alguém muito querido, no susto ou na notícia  já esperada, não menos doída; chora, muitas vezes desaba, morre um pouco também; vive o luto (muitas vezes não vive), segue o rito, se perde em mil abraços, busca alento na palavra, se despede sem querer jamais se despedir. (Quem é que inventou esse verbo? Ele tinha mesmo que existir?) Essa pessoa pode ser um amigo, um parente, um vizinho; pode ser você, que um dia já sentiu na pele e no coração

5 de jul. de 2017Ler mais →
Somos todos chapecoensesVida

Somos todos chapecoenses

Há algo que nos torna iguais. Profundamente iguais. Num instante temos todos o mesmo credo, raça, religião, identidade, gênero. Temos as mesmas artérias a pulsar no peito, a mesma pressão a despencar no chão, as mesmas vias lacrimais em perfeito funcionamento. Num instante somos igualmente homens, mulheres, torcedores, jogadores, filhos de Deus. Humanamente choramos a máquina derrubada, o luto coletivo, o estádio vazio. Derrubados ficamos também. Somos ascensão e queda, alegria e tris

29 de nov. de 2016Ler mais →
PerdasVida

Perdas

Ninguém acorda um dia sonhando em perder algo ou alguém. “- Meu Deus, me ajuda a perder muitos amigos hoje.” “- Muito dinheiro.” “- O amor da minha vida.” “- Minhas fotos, meus planos, minha casa.” “- Meus pais, minha paz, meu chão.” “- Muitos pontos em matemática, me ajuda a perder. “- Aquele namorado que eu custei a arrumar.” “- Meu emprego de vinte anos.” “- Minha lucidez, minha liberdade, minha energia, me ensina a perder.” Não. Perder é verbo derradeiro, doído, sofrid

15 de nov. de 2016Ler mais →
Um minuto de silêncioVida

Um minuto de silêncio

Pelos meninos que não foram trazidos de volta. Pela violência descabida, sem fronteira, fonte de tanta dor. Pela orfandade invertida, infinita, desmedida, que não se mensura. (Surra.) Pela alegria que jaz. Pela esperança de uma trégua permanente de paz.

3 de jul. de 2014Ler mais →
FimVida

Fim

E aí alguém que você amava muito já não está mais aqui. De carne e osso. De vento em popa. De braços abertos para um abraço, um café, um sorriso largo. E aí você gruda na falta, feito Super Bonder. Que de super não tem nada. Cola dor, lágrima, cola o pé no asfalto quente, cheio de cacos de vidro. 50 graus e está frio, gelado, ferido, dureza de vida sem ele ou sem ela, pedaço imenso de você que também se foi, emoção que não se nomeia. E aí você acha que não vai dar conta. Volta no passado e se

21 de mar. de 2014Ler mais →
ParadoxosVida

Paradoxos

Recém Feliz Ano Novo. Novinho em folha, página em branco pronta para virar história. Cheirando à paz, realização, amor, alegria, esses desejos comuns, nossos velhos conhecidos, mas especialmente habilitados em alterar nossos batimentos cardíacos. Faz uma semana que o mundo parou para encher de luz o seu 2014. Vide os fogos, beijos, abraços, pedidos, promessas, taças tinindo à meia-noite. Saúde. Por um instante, como que por encanto, é como se o mundo realmente parasse. Altas, pausa, carta br

8 de jan. de 2014Ler mais →
Santa MariaVida

Santa Maria

Não. Nem luto oficial de sete dias. Nem todas as flores do mundo. Nem cem minutos de silêncio ou palavras proferidas. Nem mil microfones para gritar, chorar, denunciar a violência de uma dor que tomou tudo, devastou tudo. Cessou a música, derrubou sonhos, asfixiou a alegria, interrompeu lindas travessias de vida. Finda. Fenda. Venda nos olhos pra não ver um morrer tão gigantesco, consternado e doído. Não. Nada apaga a tristeza, o vazio, a forma absurda desse fim. Santa Maria. O nome da cida

27 de jan. de 2013Ler mais →