Todo mundo sabe a dor que tem. Lá de trás ou de agora, não importa. Escondida ou escancarada, recorrente ou velada, há dores capazes de afundar o peito e arranhar a alma, até escurecer tudo. Até as estrelas.
Todo mundo sabe também o Deus que tem. Ou que não tem, se por acaso resolveu brigar com Ele.
Sim, há quem brigue com Deus. Há quem jogue fora toda espécie de crença e esperança e sentido, exausto de tanto sofrer. Há quem entre em coma, quase, de tanto doer.
Mas aí vem Deus e te manda uma carta, um bilhete. Dizendo que está com saudades. Que quer te ver. Que te espera na Cabana.
Você vai?
Eu fui. Assistir ao filme. Chorar do primeiro ao último minuto, a emoção simplesmente toma conta da gente.
Coisa mais linda ver a ternura nos olhos de Deus, te amando de um jeito tão especial e único. Coisa mais linda enxergar a luz e leveza de um espírito que é santo, sagrado, sopro de vida, percorrendo suas veias, seus olhos, seu jardim. E trocar ideias com o homem que foi a maior referência de amor no mundo? Te convidando a entrar, acender a lareira, retirar a neve que impede de respirar o coração? Misto de serenidade e força, ombro que só amigo de verdade pode dar, abraço apertado quando falta tudo. (Como não se emocionar?)
Minha vontade era ir pausando o filme e anotando as falas no meu bloquinho. Como esta, em que Deus – na figura de uma mulher gorda, negra e de uma doçura encantadora – diz ao protagonista, Mack:
“- Quando você só enxerga a sua dor, você me perde de vista.”
E quando a gente perde Ele de vista, a gente perde tudo. O oxigênio, o chão, o rumo, o prumo. Perde uma vida inteira tentando entender o que nem de longe tem explicação.
Por mais lacerante que seja a sua dor, há algo que se mostra para além dela. Por mais espinhos no caminho, há flor de fé pra regar com choro e pegar com Deus.
Enxuga os olhos, acende as estrelas, põe-se a caminho.
O encontro precisa acontecer pra essa dor imensa parar de doer.
Vai.
Bel diz
Eu li o livro há alguns anos. Mexeu demais comigo. Infelizmente ainda não assisti o filme… aqui no meu “começo de mundo” ainda não entrou em cartaz, e nem sei se entra.
Renata Feldman diz
Eu também li, Bel, mas acabei largando o livro no meio, e olha não sou disso…
Se puder, não deixe de assistir. O filme é fiel ao livro (até onde li), mas ainda mais tocante porque junta as falas com cenários lindos e uma trilha emocionante.
Abraço, obrigada pela visita!
Angela Belisário diz
Olá, que linda mensagem, ainda não vi, farei o possível para ver ainda mais depois de uma explanação tão linda. Beijos
Renata Feldman diz
Vai, minha querida. Vai e depois me conta.
Beijo!
Cecília Caram diz
Rê amada, você me toca sempre, e sabemos que ajuda muitas pessoas com sua poética do cotidiano humano.
Sim, cada um sabe a dor que tem. E elas fazem parte dessa vulnerabilidade humana, as vezes parecendo insuportável.
Então, gostaria de convidar seus leitores a buscarem os ensinamentos de Jean Yves Leloup, que teve uma morte física, e quase na hora do sepultamento,” recusou a morrer “, e voltou a si. É apenas um resumo para te auxiliar no belo texto e gerar curiosidade nos leitores.
Pra quem se emociona com A Cabana, é certo que os pensamentos desse fantástico HOMEM vai agregar encantamento. Beijo, amo você..
Renata Feldman diz
Muito prazer, Jean Yves!… Pessoas como você nos dão sempre grandes lições de VIDA.
Obrigada, Cecília querida, por você também me ensinar tanto com o seu amor e alegria.
Beijo no seu coração!
Cidinha Ribeiro diz
Vai. Palavra tão pequena para tamanho significado.
Vai. De mãos vazias, de olhos vendados, de alma lavada.
Que bonito, Renata!
Sua sensibilidade colore a vida e cada texto seu.
“- Quando você só enxerga a sua dor, você me perde de vista.”
Renata Feldman diz
Ah, Cidinha!… Cada comentário seu é um poema. Você também escreve com o coração, e me alegra cada vez que aparece por aqui.
Obrigada, querida.
Selma diz
Renata, vou assistir ao filme.
Renata Feldman diz
Perde não!
Bjs