Já nos ensinaram tanto nessa vida – matemática, gramática, história, geografia.
Somos P.h.Ds em física, química, biologia. Especialistas em gente, máquina, política, poesia. E ainda assim não conseguimos entender, por mais que nos expliquem, por mais que esclareçam e ratifiquem, a razão que atravessa uma tragédia.
Cai o avião, caímos todos nós.
Abram a caixa preta, chamem a imprensa, o papa, Deus pelo amor de Deus.
Por quê? Por quê? Por quê?
Falha humana, falha técnica, tempestade, desvio de rota, rachada de vento.
Choro, luto, dor, lamento.
Pelos que se foram no susto, no rompante de uma queda, no vazio doloroso de um dó sustenido.
Pelos que ficaram no abalo, no abismo, no limo, cratera aberta no coração rasgado de dor. Torpor.
Estado de choque, estado de sítio, condições anormais de temperatura e pressão. Máscaras de oxigênio, pelo amor de Deus.
Choramos pelos que se foram e por nós que permanecemos, sem entender ou dizer adeus, arremetidos que somos à nossa condição de finitude. A qualquer hora podemos ir, a qualquer hora podemos não estar mais aqui. A efemeridade da vida é devastadora, daria uma aula inteira de filosofia sem data para acabar, me perdoe o paradoxo.
Já aprendemos tanto nessa vida. Tanta lógica, tantas fórmulas, tantos livros e diplomas.
Mas em matéria de tragédias ainda tomamos bomba. Passamos mal, deixamos as questões em branco, ficamos sem respostas diante de prova tão difícil.
Só mesmo um Professor, com sua grandeza e olhar de pai, eterno nas suas lições de amor, para nos levantar do chão.
Selma Maria Ribeiro Araujo says
Renata, parabéns pelo seu texto. É humano nāo sabermos conviver com tragédias, em certos casos, só Ele mesmo.
Renata Feldman says
É isto, Selma. Quando nos falta o chão, lançamos nosso olhar para o céu.
Fiquei feliz com a sua visita, querida. Volte sempre!
Cidinha Ribeiro says
Como eu gostaria de ser aprovada no entendimento das razões, Renata! Mas continuo repetindo a matéria, repetindo, procurando explicações que não existem, pelo menos para nossa tribo, tão humana e tão distante da Luz. Muito delicado seu texto! Bjs.
Renata Feldman says
Por outro lado, em matéria de coração, você é Ph.D.
Beijos carinhosos, Cidinha!
Dalmir says
Bom dia. Renata, só Deus para aliviar nossas dores. Não somos nada sem o amor do Mestre dos Mestres. Que o nosso Pai eterno continue nos abençoando e também aos familiares dos que se foram. Que a Paz do Senhor esteja presente em nossos corações. Beijos.
Renata Feldman says
Amém, Dalmir!
Abraço carinhoso.
mara says
Sim, por quê, meu Deus? só Ele saberá nos responder tamanha tragédias… e só Ele sabe a hora que cada filho seu irá ao seu encontro. Que Ele conforte todas às famílias.
Renata Feldman says
Ele coloca um tanto de luz nas nossas perguntas, Mara, e clareia a escuridão.
Abraço, muito obrigada pela visita!
Wandalcy Lopes says
Verdade Renata. Ha dois anos quase perdi meu filho em um acidente de moto. Nao vou falar de detalhes mas o chao me faltou quando cheguei na emergencia do Pronto Socorro, e diblando o Seguranca, consegui ver meu filho, deitado entre tantos cuja pressao era 7/4. Deus????? Por favor me ajude. Deus????? o que faco? E tendo minha precensa de mae ignorada e puxada quase a forca daquela sala pelo Seguranca, percebi que nao tinha chao, nao tinha lagrimas, nao tinha forcas mas me restou rezar e ainda assim agradecer a Deus por meu filho estar vivo e na Esperanca de Deus, hoje ele esta comigo. Obrigado Senhor!.
Renata Feldman says
Wandalcy querida,
Só hoje vi seu comentário, quase dois anos depois (não entendi o que “o blog me aprontou”, “viva a tecnologia”!) quase morri de emoção com o seu depoimento!…
Se te faltou o chão (faltou a todos nós), veio o céu com a luz dos anjos e a força de Deus para transformar o susto em choro de alegria, emoção, renascimento!
Fico emocionada junto de você.
Abraço carinhoso, minha querida!
adriana botelho campos says
Adoro suas postagens Renata
Renata Feldman says
Que bom, Adriana, fico feliz!
Abraço carinhoso.
cecilia caram says
Re, de tragédia somos acometidos…de surpresas finitas também. Não seremos nunca PhDs. de luto. Seu texto nos une nessa reflexão. Obrigada sempre.
Cecília madrinha
Renata Feldman says
Madrinha querida,
Você está certa: jamais seremos PhDs neste assunto. Não nos falta experiência e conhecimento, mas sobra dor quando a vida assim se vai, sem despedida ou aviso prévio.
Eu que agradeço sempre sempre suas lindas contribuições por aqui.
Beijo!