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Artigos em morte

"O pior vizinho do mundo"Vida

"O pior vizinho do mundo"

Quem nunca teve uma relação difícil pra contar? Um vizinho chato, sistemático, rabugento? Fui ao cinema (feliz da vida, um dos meus programas prediletos) achando que iria assistir a uma comédia leve e divertida sobre o assunto, tão comum e clichê. Acertei. Mas “O pior vizinho do mundo”, estrelado pelo talentoso Tom Hanks, foi muito além da leveza e da diversão. Que filme lindo. Tocante, profundo, emocionante. Saí do cinema com a alma quentinha. Costumo dizer que algumas sit

29 de jan. de 2023Ler mais →
Deus mandou chamar um eletricista.Vida

Deus mandou chamar um eletricista.

Paulinho foi aquele eletricista que entrou na minha casa pra arrumar o fio, a fiação, o disjuntor, até secador de cabelo ele arrumava. Fazia de tudo um pouco até virar de tudo um muito: virou de casa, o danado do Paulinho. Qualquer problema era ele que a gente chamava. De tão de casa virou que eu passei até a suprimir a segunda letra do nome dele. E era assim que eu o chamava: “Pulinho”! Tamo precisando docê!…” E Num pulo ele aparecia lá em casa, pau pra toda obra. Feliz da vida, dono

18 de ago. de 2020Ler mais →
Com toda a certezaAmor

Com toda a certeza

Carregamos algumas certezas pela vida afora. E algumas incertezas também. Sabemos o caminho de casa, que dia é hoje, qual o nosso tipo sanguíneo. Fazemos contas, planejamos viagens, consultamos a meteorologia, marcamos médico, preparamos o jantar. E dá-lhe planos, rotina, agenda, mochila, terno, gravata, pés descalços, pausas sagradas para oxigenar o batente. A trivialidade da vida nos convida a atentar para os ponteiros do relógio, fazer a lista do sacolão, organizar  gavetas, responder

5 de fev. de 2020Ler mais →
RespostasAmor

Respostas

  – Amor, estou te esperando. Há anos. – Tempo, sinto sua falta. Por que tanta pressa? – Morte, morro de medo de você. Três frases, três cartas, três destinatários inusitados, que você conhece bem. Essa é a tônica de “Beleza Oculta”, um filme que nos convida à reflexão desde a primeira cena, com a “simples” pergunta: “O que te faz dormir, acordar, levantar da cama, comer o que você come, trabalhar na profissão que escolheu, enfim, o que te faz estar aqui hoje me ouvindo?” No lugar d

2 de fev. de 2017Ler mais →
Vida

Quando nos falta o chão

Já nos ensinaram tanto nessa vida – matemática, gramática, história, geografia. Somos P.h.Ds em física, química, biologia. Especialistas em gente, máquina, política, poesia. E ainda assim não conseguimos entender, por mais que nos expliquem, por mais que esclareçam e ratifiquem, a razão que atravessa uma tragédia. Cai o avião, caímos todos nós. Abram a caixa preta, chamem a imprensa, o papa, Deus pelo amor de Deus. Por quê? Por quê? Por quê? Falha humana, falha técnica, tempestade,

17 de ago. de 2014Ler mais →
Pequenos infartosAmor

Pequenos infartos

A gente morre um pouco cada dia. Sem ritual fúnebre, certidão de óbito ou despedida, vamos partindo aos poucos, sem perceber, sem dizer adeus. A Deus (e também aos seus pais, sua família, sua memória afetiva) pertence o menino que você foi um dia. Doce, espevitado, olhos brilhando assim que anunciava o dia: “O céu tá azulzinho. Vamos brincar?” Hoje, o céu mal azulou você já está dando nó na gravata, com a responsabilidade de quem sabe que a vida não é brincadeira. A Deus (e cia) pertence a

7 de ago. de 2014Ler mais →
Para Rubem AlvesVida

Para Rubem Alves

Ipê amarelo virou poeta. Acolheu versos, palavras, pensamento, ensinamento raro em tenra idade. Floresceu sina, encanto, vida. Ganhou canto de bem-te-vi, suspiro de beija-flor, alma transbordante de amor. Impossível não descansar em paz na sombra deste ipê que agora floresce Rubem Alves.

25 de jul. de 2014Ler mais →
FimVida

Fim

E aí alguém que você amava muito já não está mais aqui. De carne e osso. De vento em popa. De braços abertos para um abraço, um café, um sorriso largo. E aí você gruda na falta, feito Super Bonder. Que de super não tem nada. Cola dor, lágrima, cola o pé no asfalto quente, cheio de cacos de vidro. 50 graus e está frio, gelado, ferido, dureza de vida sem ele ou sem ela, pedaço imenso de você que também se foi, emoção que não se nomeia. E aí você acha que não vai dar conta. Volta no passado e se

21 de mar. de 2014Ler mais →
FaltaVida

Falta

A história você já conhece: a gente nasce, cresce, envelhece e morre um dia. (Não necessariamente nesta ordem.) Mas o tal do morrer assusta, por mais “natural” que seja. É que o “natural” também passa pelo forte impacto do factual, da concretude da perda, do fim mais finito. Quem parte vai virar etéreo, anjo, estrela, na melhor explicação que costuma se dar às crianças. Quem fica precisa se acostumar com a presença doída, moída, torturante de uma ausência que não estava no script,

10 de abr. de 2013Ler mais →
Santa MariaVida

Santa Maria

Não. Nem luto oficial de sete dias. Nem todas as flores do mundo. Nem cem minutos de silêncio ou palavras proferidas. Nem mil microfones para gritar, chorar, denunciar a violência de uma dor que tomou tudo, devastou tudo. Cessou a música, derrubou sonhos, asfixiou a alegria, interrompeu lindas travessias de vida. Finda. Fenda. Venda nos olhos pra não ver um morrer tão gigantesco, consternado e doído. Não. Nada apaga a tristeza, o vazio, a forma absurda desse fim. Santa Maria. O nome da cida

27 de jan. de 2013Ler mais →
PêsamesVida

Pêsames

O sol que me desculpe, mas não tinha o direito de se levantar cedo, como que de costume. Não tinha que se levantar. Falo do escuro que se faz quando a vida se vai. Penumbra, negritude, completa escuridão. Nem pó de estrela, nem vela ou lanterna pra iluminar o dia que acordou no luto. No susto. Alguém morreu e paradoxalmente a vida segue lá fora. Ônibus circulam, carros soltam fumaça, pulmões choram a falta de ar. Falta. Ausência. Salta essa parte ruim da história. Sai fornada de p

2 de fev. de 2012Ler mais →