Impressionante o tanto de voltas que o mundo dá. Voltas e mais voltas, se quer saber.
Coisas que você imagina já bem definidas, resolvidas, vem à tona muitas vezes de um jeito inexplicável. Inacreditável. Seja no amor. No trabalho. Nas relações mais espinhentas e delicadas. Nas amizades ditas infalíveis. No famoso “e foram felizes para sempre”. No mais taxativo dos nãos. No mais convidativo dos sins. Nada é fixo, imutável, a vida segue e quase tudo se transforma.
Muito tempo se passou desde o fatídico e doloroso “The End” do post anterior. Eu nem ia voltar mais neste assunto, c’est fini, já havia dado por perdida a história daqueles dois, mas aí veio o destino para dizer quem é que está no comando. Ah, as voltas que o mundo dá.
Marina seguiu sua vida, como tinha que ser. Bonita e inteligente como era, não demorou a despertar olhares, sorrisos, afetos. Arrumou um namorado também bonito, bom partido, dez anos mais velho.
Diego voltou de Paris com a bagagem cheia de conhecimento, experiência, talento. Alçou vôos lindos na carreira e se tornou um doutor consultor. Nada de namorada, apenas rolos, ficantes, encontros casuais, nada além disso.
Nunca mais se falaram, Diego e Marina. As famílias de cada um quase morriam de tristeza (as mães nem se fala) de ver aqueles dois separados, tamanha era a torcida e o envolvimento desde cedo, desde sempre.
E foi aí que um folheto de propaganda distribuído no sinal mudou tudo. Luz amarela – pense, luz vermelha – pare, luz verde – siga. Simples assim, e foi numa dessas paradas que enfiaram pela janela do carro do Diego um anúncio cheinho de alianças de noivado. Uma mais bonita que a outra. Seria um sinal?
Numa fração de segundos, ele pensou em Marina. No que foi. No que poderia ter sido. No que já não mais era.
E foi bem naquela hora do rush, voltando pra casa depois de um dia cheio de trabalho, que Diego mudou a rota e a história. Em menos de vinte minutos estava dentro da joalheria, comprando o par de alianças mais valioso da sua vida.
Atrevido aquele menino. Já em casa, namorando a caixinha preta de veludo, pegou o telefone e ligou para Marina. Disse, sem muito rodeio, que precisava conversar com ela. Marcaram para daqui a três dias (haja ansiedade), num restaurante perto de um shopping bem familiar.
Mais uma vez não houve rodeio. Nem mesmo aquela função fática que um dia você aprendeu na aula de português, tipo: “Como tem chovido, hein?…” Direto ao ponto, sem rodeio nem subterfúgios, atrevido esse menino. Quase matando Marina de susto, tirou a caixinha do bolso e fez “na lata” o pedido convencional, esperado por tantas mulheres, já não esperado por Marina:
– Quer se casar comigo?
Coitada da moça. Empalideceu de susto, emudeceu, chegou em casa aos prantos, deixando a mãe atônita e o ex-namorado com a expectativa de uma resposta, um dia.
Nada desse dia chegar. Nem que sim nem que não, a posição de Marina era um mistério. A família de Diego não falava noutro assunto, a polêmica se instaurava nos almoços de domingo, até bolão chegaram a fazer.
– Ih, Diego, desiste, ela não quer mais nada com você.
– Ih, conheço as mulheres: hora da vingança. Esquece, Diego.
– Calma, gente, é claro que ela vai aceitar, deixa de ser pessimista!
– É. Se ela não falou na chincha que não, é porque você mexeu com ela. Prepara o casório que lá vem notícia boa!
E assim, de especulação em especulação, de sim em não, o tempo foi passando. Até que um dia, uma mensagem no whatsup:
– Diego, não entenda meu silêncio como um não, apenas preciso pensar mais, esfriar a cabeça e acalmar o coração…
Compreensivo e sereno, certo de que aquela mulher nasceu pra ser sua, Diego esperou. Esperou. Esperou. Esperou.
Até que um dia foi tomar um chope com um tio querido e ganhou de quebra o empurrãozão que faltava:
– Vai ficar esperando até quando, velho? Vai lá agora, chega junto, leva ela pra jantar e volta só amanhã depois que o sol raiar. Bora.
– Mas tio, são quase dez horas da noite, estou sem carro e ela já deve estar de pijama.
– Toma a chave do carro, liga pra ela e fala que você está na porta.
Simples assim. Louco, ousado, atrevido, apaixonado, convicto assim.
Quer saber? Foi a noite mais linda da vida daqueles dois. Graças a Deus, ao destino, ao amor, ao cosmos, ao tio parceiro, o idílio voltou com luz, certeza, poesia e encanto.
A última notícia que tive é que compraram um apartamento e vão se casar. Bem-casados, bem-felizes, bem-sintonizados com a força que as coisas têm quando têm que acontecer.
E é assim, com essa emoção toda, que o fim vira começo. Que o último suspiro vira apenas o primeiro de muitos outros. Longos “ai ais” de vida, de amor que ressuscita como milagre, fazendo renascer tudo outra vez.
Ah, as voltas lindas que o mundo dá.
Anonymous diz
Renata, que linda historia! Sabia que iria ser assim o final!….quem engana o amor?
PS: meu sonho de consumo, seria ter vc como minha psicologa, pq atravesso uma linha de transversais quase impossíveis, não fosse a força de Deus em minha vida!…
Sara.
Renata Feldman diz
Sara querida, o amor tem mesmo a força de mudar o rumo da história.
Espero que esta força também atue sobre a sua vida, transformando e abrindo novos caminhos.
Fico feliz e honrada de fazer parte do seu sonho, e aproveito o ensejo para presentear você com um post que escrevi no ano passado (“Sonho foi feito pra realizar”, de 20/10/13), não sei se já leu: phttp://renatafeldman.blogspot.com.br/2013/10/sonho-foi-feito-pra-realizar.html. Grande abraço!
Anonymous diz
Oi Renata! Li e adorei o seu presente! Sonhos são feitos pra se realizar!.quem sabe vc ainda será minha psicologa? Acredito que sim! Bj e obrigada! Até!
Sara
Renata Feldman diz
Será um prazer, Sara!
Um grande abraço, obrigada pela visita e volte sempre!
Margaret lemos Cortez diz
Está é a minha história eleita como a melhor ! Amei …pode virar livro !
Renata Feldman diz
Virar livro… Isso me brilha os olhos, Margaret. Esta história é mesmo um (lindo) prato cheio! Bjs, querida!
Camila Amaral diz
Renata querida, sua página ficou linda!Como eu gosto dos seus textos e da forma com que você encara a vida. Sou sua fã!
Um beijo,
Camila
Renata Feldman diz
Camila querida, seu comentário me enche de alegria e me faz querer ir sempre em frente. Muito obrigada pela visita! Bjs
Inês diz
Na aventura da Vida, a oportunidade aparece como um milagre que vai ser aproveitado pelos que tem o dom da percepção. Muito linda a história de Marina e Diego!!!!!! Desejo-lhes muitas Alegrias, Felicidades e Amor!!!!!
Renata Feldman diz
Amém, Inês!
Muito obrigada pela visita e vibrações mais lindas.
Abraço!