Perdeu a hora. 40 minutos, para ser mais exata. Atrasada para o trabalho, agradavelmente adiantada no sonho. Quase no finzinho, por que é mesmo que tinha que acabar? Esdrúxulo. Imprevisível. Indizível para o seu analista. Inanalisável, se é que existe essa palavra. (Existe.) Desejo, anseio, seios fartos para alimentar um berçário inteiro. 40 minutos de um efeito anestesiante vindo daquele sonho. Idos e findos, mistura de montanha-russa com surfe, logo ela que tinha fobia de altura e não sabia nadar. Nadica de nada. Nem bóia nem prancha, o que ela queria mesmo era um salva-vidas. Salva-vida, melhor dizendo, estritamente singular, sua vida é que pedia socorro. “Me salva se não eu morro”, suplicava enquanto sonhava. Estava ficando expert em sonhar o insonhável, reiventar a neurolinguística e os neologismos, colorir a sinapse dos seus neurônios nervosos.
Depois de engolir sal, água e areia, acorda num sobressalto. Já passa das sete, “isto é um assalto.”
Corre pro chuveiro, ducha gelada para lembrar a que veio. O mar vira água doce, a montanha ganha o sol, o sabonete adentra a pele, o chefe pode gentilmente esperar.
Anonymous says
Dentro da psicologia existe algum significado ou influência direta dos sonhos na vida real?Obrigado.
Renata Feldman says
Caro(a) Anônimo(a),
Em primeiro lugar, me desculpe pela demora. Gostaria de ter te respondido antes, mas tive problemas de configuração com o blog, “viva a tecnologia!”
Sim, os sonhos têm significado. Nosso inconsciente grita, pulsa, acorda quando adormecemos. Geralmente os sonhos apontam para um medo ou desejo.
Espero ter ajudado!
Obrigada pela visita e volte sempre!