A ioga foi uma daquelas resoluções de Ano Novo, na virada de 2015 para 2016, que eu tive a alegria de realizar. Saí da primeira aula sentindo uma coisa boa, uma sensação de que estava “de volta pra casa”. Não que eu estivesse fora, mas foi muito importante lembrar que eu também tenho uma casa aqui dentro, com janela aberta pra alma, e que se ilumina sempre que eu fecho os olhos.
Em um mundo cada vez mais denso, automatizado e acelerado, nada como parar um pouquinho para respirar, “apenas” respirar. Nada como terminar a aula ouvindo a professora dizer: “Que o eterno sol te ilumine, que o amor te envolva, que a luz pura interior guie o seu caminho.” Amém, Helem. Ou Sat Nam, numa reverência à nossa verdadeira identidade.
E assim, num rito de pausa e movimento, a ioga foi fazendo parte de mim. Gosto tanto que um dia fui pra aula sem ter que ir. A Helem tinha me avisado na semana anterior que estaria fora, mas quem disse que eu lembrei? Simplesmente levantei da cama e fui, feliz da vida, como sempre vou.
No início do ano também dei com a cara na porta, mas dessa vez o coração ficou espremido. Toquei, toquei, toquei a campainha e nada. Liguei, mandei mensagem, nada. Nem sinal de vida.
Fui embora preocupada, e alguns dias depois soube que a Helem estava no hospital. Teve um AVC. Meu coração espremeu de novo. “Como assim, a professora de ioga mais zen do mundo ter um AVC?!”. Respira, Renata. Respira.
Dezoito dias depois ouvi a voz dela (bem pausada) no WhatsApp, me emocionei. “Estou bem, Renata, estou melhorando. Mas preciso descansar.”
Um mês depois chegava uma outra mensagem dela dizendo que iria retomar as aulas, aos poucos. Me perguntou se eu queria. Claro que eu queria. Sat Nam.
Ver a Helem de novo, sã e salva, sem sequelas, sentadinha no seu tapete de ioga, foi um verdadeiro presente pra mim. Esse dia nem teve aula direito, eu só queria saber de escutá-la, saber o que aconteceu, me conectar a essa emoção. O relato dela foi tão lindo que eu não me contive: “Helem, posso escrever? Isso tudo é grande demais pra ficar guardado só com você.”
No próximo post eu conto.
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