Uma pessoa muito querida, leitora religiosa aqui do blog, esboçou o seguinte comentário: “Renatinha, já faz tempo que você não posta… Pulou o mês de setembro.” (…)
Pulei. Puladinho. “Pulando feito pipoca”, é assim que costumo dizer quando o tempo parece estourar, escorrer, correr de mim, não me esperar.
Logo setembro. Mês das flores, de tantos aniversários importantes, dos meus ipês amarelos (meus e de Rubem Alves), da primavera que vem de longe, dando o ar da graça. Bem-vinda, prima.
Lá foi ele, lá vai ele, nosso bom e velho conhecido tempo. Lembro como se fosse ontem, eu conversando com a minha médica, me sentindo a rainha da fertilidade:
– Dra. Diana, já quero ter o segundo filho. Estou decidida. E se a gravidez vier loguinho, como foi com a do Léo, vai nascer em setembro, num sábado de primavera, signo de virgem…
Simples assim. Só que não. O tempo passou por mim, serelepe, nem deu bola. O segundo filho não veio “loguinho”, já contei num outro post. Mas veio um ano e meio depois (uma menina!), valeu a pena esperar. E agora é ela quem pula da cama (não tão simples assim…) junto com o beijo da mãe, melhor despertador não há.
O tempo acorda cedo lá em casa, e confesso que não é nada fácil tirar uma adolescente da cama. Outro dia o café da manhã foi beeem monossilábico. Eu tentava desenvolver uma conversa, fui perguntando algumas coisas triviais, e ela – com aquele humor clássico de quem efetivamente ainda não acordou me fixou nos olhos e disse:
– Mãe, nessa hora da madrugada eu não dou conta de conversar.
E eu, dando de desentendida, pra ver aonde aquela conversa ia dar:
– Uai. Por quê, filha?
– Porque a minha alma ainda não voltou pro corpo.
– E onde é que a sua alma está, posso saber?
– Na minha cama.
E assim vamos vivendo o tempo. Dormindo, acordando, pulando feito pipoca, fazendo planos, fazendo Deus rir, sonhando. E aí 2020 nos pega com uma quarentena estendida, sacudida, serena ou doída, dependendo do ponto de vista (e do coração). Lá vem o tempo (ou uma força maior) dizendo que nem tudo está no seu controle.
Então já é outubro, quase Feliz Ano Novo, como o danado voa. O que você tem feito? O que deixou de fazer? Que horas são aí no seu relógio? E no pulso, qual a batida do seu coração? Como anda a sua relação com o tempo? Tudo em paz ou nada que uma D.R. não resolva?
Na dúvida, chama o Pato Fu e canta: “Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda eu sei pra você correr macio.”
Cantemos, pois.
Cristina says
Renatinha,
Que bom ter novo post seu, precioso e lindo de viver!
Quanta afinidade tenho com sua filhinha Bebella! Ela é demais!
Beijos.
Renata Feldman says
Ahh, “pessoa muito querida”!… Muito obrigada pelo incentivo, preciosidade é ter você me lendo com tanto carinho!…
Afinidade de alma, você e Bebella, só pode ser!
Abraço carinhoso, querida!
Boa noite, bons sonhos!… E sem hora para acordar, de preferência!…
Clara Feldman says
Eita! Lá vem a menina outra vez. A minha menina. A menina que escreve como ninguém. Quando a gente pensa que ela quietou com as palavras, que nada! É só alguém dar uma cutucada, e a inspiração volta, as palavras jorram. Essas últimas, então, nem se fala. Tem assunto mais nobre que o tempo?!? E como se não bastasse, vem junto o diálogo com a Bella…Deus me acuda, a menina ainda nem fez 13 (faltam exatos 27 dias). Vovó aqui se desmancha de alegria, de orgulho das duas. Alguém duvida que veio escritora, igualzinha à mãe???
Renata Feldman says
Cada “cutucada” uma alegria! Como faz bem dedilhar, deixar as palavras jorrarem feito cachoeira!…
Ah, e o tempo, mãe? Como que faz pra congelar ele um cadinho?
Beijo das suas meninas.
Maíra says
Adorei o diálogo matinal cm a Bella!❤️
Renata Feldman says
Eu tinha mesmo que registrar, não tinha?
Silvia Regina Angerami says
ah que delícia descobrir o seu blog, Renata!!! Nossa, eu lembro como é difícil esse diálogo matutino com os adolescentes. Houve um tempo em que eu levava meu filho e um amigo para o colégio e eles entravam e saiam do carro sem dizer uma palavra. rsrsrs
Renata Feldman says
Que alegria que você descobriu, Silvia! Fico muito feliz, seja bem-vinda!
Aceita um cafezinho com pão de queijo? Bem mineiro, uai!..
Rs, “diálogo matutino”? Já imagino um baita de um monólogo!…
Que bom saber que estamos no mesmo barco!
Beijo e obrigada pela visita!
Silvia says
Ah que delícia esse cafezinho com pão de queijo !! Obrigada pela hospitalidade! Verdade… tá mais pra monólogo! Rsrsrs
Cesar VIEIRA says
Muito obrigado por esta prosa que apreciei muito, querida Renata.
Cordialmente, Cesar Vieira
Renata Feldman says
Ei, Cesar, quanto TEMPO! Espero que esteja tudo bem com você.
Obrigada pelo carinho.
Cesar VIEIRA says
Muito obrigado, querida Renata.
Renata Feldman says
Eu que agradeço, sempre!
Cesar VIEIRA says
Seja muito bem vinda outra vez, querida Renata!