Fiquei amiga da Cidinha no facebook, fruto de conexões afetivas muito além do mundo virtual. Veio “apresentada” por sua irmã Selma, mãe e sogra de amigos especiais, vó de netos que viraram sobrinhos, querida de muitos encontros, viagens, prosa compartilhada com biscoito de queijo e brigadeiro de colher.
E foi num desses encontros – uma animada festa junina para comemorar o aniversário do marido e do neto – que conheci a irmã, Cidinha, ao vivo e em cores (muito melhor do que na tela do computador). Durante um tempo a fiquei observando, achando a coisa mais linda aquela cena. Ela não meu viu, estava de olhos fechados, muitíssimo ocupada. Ao som de um forró arretado, dançava coladinha no marido, Bizuca como é chamado, completamente entregue ao momento, à música, ao calorzinho daquele frio junino, quase em alfa minha amiga Cidinha. Encantada.
Como um encontro puxa o outro, tivemos a alegria de passar um feriado com eles na fazenda onde mora o casal, no famoso Cafofo. Sempre achei que este fosse apenas um apelido carinhoso, farra gostosa embolada num aconchego bom, mas tive a surpresa de ver na estrada uma placa indicando o lugar. Sim, Cafofo é um pequeno povoado perto de Itapecerica, tesouro precioso da nossa Minas Gerais, só pelo nome você já imagina. Ninho de passarinho na varanda do quarto, quaresmeira rosa beijando o chão, riacho com piaba para pescador mirim, umbigo de banana para principiantes, frutas exóticas do cerrado, leite ao pé da vaca, geleia de morango “de verdade”, friozinho abençoado, vinho pra brindar a amizade, causos pra chorar de rir e uma comilança que não tem explicação. (O arroz doce da Cidinha simplesmente tinha que ir parar no Guinness Book.)
Mas o melhor (tem jeito?!) ainda estava por vir. Descobrimos que o Bizuca, além de ótimo parceiro de dança, ainda por cima é “prendado”. Faz pão, faz cerveja (com e sem glúten, tá servido?), faz chocolate com cacau que ele mesmo planta, faz a mulher feliz que é uma beleza, bem-casados que são há mais de 40 anos.
E eu lá, toda admirada, exclamando só para confirmar:
– Gente, mas esse Bizuca é um talento, Cidinha. Faz pão, faz cerveja…
– Faz até minha sobrancelha, Renata.
(Risos, risos e mais risos, “momento desopilar o fígado”.)
E continuou ela, na espontaneidade “cafofiniana” de ser:
– Só que da última vez eu pedi pra ele usar a tesourinha e ele usou o barbeador.
(!…)
Mais risos, mais curtição, mais copos fazendo tintim, mais azeite molhando o pão, essas coisas simples e incrivelmente gostosas de compartilhar.
Selma Maria ribeiro Araújo says
Renata, adorei Só de lembrar do final de semana fiquei emocionada. Você foi fiel aos fatos com maestria Bjs
Renata Feldman says
E assim a gente vai enchendo de coisas boas nossa memória afetiva, Selma. A emoção tem esse sabor, e você tem parte especial nessa história. Obrigada, querida.
Cidinha Ribeiro says
Quando palavras inquietas se aprisionam em volta de nós, é imperativo libertá-las, delicadamente, sobre a folha de papel em branco. Algumas caem ali e ficam tão bem como se tivessem nascido e crescido naquele lugar.
Outras precisam ser cultivadas para florescerem.
Nossa convivência motivou palavras que não precisaram de outros cuidados: floriram leves e coloridas em suas mãos.
Assim também foi para mim.
Muito obrigada pelo carinho e por ter transformado nossos bons momentos em crônica tão doce.
Um beijo no seu coração.
Renata Feldman says
Que lindeza, Cidinha. Ainda por cima é poetisa, esqueci de contar. Não é à toa que sua alma é prima da minha.
Beijos floridos, cheios de sintonia e encantamento.
bia says
delícia de ler e enxergar com os olhos de alma, Renata!
Renata Feldman says
Saboreie à vontade, Bia!
Obrigada pela visita e volte sempre!