É de praxe aluno homenagear professor. De praxe e de coração, vide as colações de grau, os discursos emocionados, os dias 15 de outubro sempre tão bem lembrados. Vide os olhos atentos no quadro, as perguntas que não ficam sem resposta, o reconhecimento pra vida toda, o respeito por uma profissão permeada de valor e nobreza. Sem explicação.
Até hoje eu presto minha homenagem aos grandes e raros professores que passaram na minha vida, do maternal ao mestrado, simplesmente me lembrando deles com carinho e gratidão. Sem eles, eu seria muito menos, eu nem sei se seria.
Mas a homenagem inversa também acontece, e é bonita de se ver: uma aula bem dada, conhecimento derramando da alma, brilho nos olhos, paixão por ensinar, mesmo nas condições mais árduas e difíceis; habilidades emocionais, valores humanos e éticos, responsabilidade importante de quem está formando gente. Gente de carne e osso, que com uma arma ou caneta pode mudar o mundo. Ah, são tantas as formas de se homenagear um aluno.
Pense num professor de matemática sério, compenetrado, competente. Eu morria de medo dele, mas na verdade não era dele, e sim de todas aquelas somas, subtrações, raízes quadradas, desde sempre meu ponto fraco. Quanto reforço, quanta labuta em cima dos livros, quanta tentação em trocar a aritmética pela poesia. Olhava para os números e minha vontade era de transformá-los em palavras, tão mais simples no meu entendimento. Mais de 20 anos depois, reencontro meu querido Professor Dalmir no facebook, leitor assíduo dos meus textos, da minha vida tão “aportuguesada”, tão minimamente matemática (já era de se esperar).
Um dia fui surpreendida por uma mensagem dele inbox, que me emocionou:
“- Bom dia, Renata. Adoro suas crônicas, suas histórias, suas mensagens. Será que um dia você poderia nos presentear com uma crônica sobre os nossos tempos de Pitágoras? Sinto saudades dos meus queridos alunos, das aulas de Matemática, dos momentos curiosos e muitas vezes engraçados. Mas, principalmente do respeito que sempre houve entre todos nós: alunos e professores. Hoje percebo que acima de tudo fomos e continuamos amigos. A distância não conseguiu apagar a amizade, o respeito e o carinho que sempre existiu na sala de aula. Na época talvez não percebíamos isso, mas hoje o tempo ensinou que foram momentos lindos, momentos maravilhosos que Deus nos proporcionou e que nos ajudou para o nosso crescimento.Todos aprendemos uns com os outros. Que Deus te abençoe sempre.”
Ah, Professor Dalmir, quem nos presenteia é você, não preciso escrever mais nada.
Ao professor de matemática mais humano que eu já vi na minha vida, e a todos os mestres que sabem como ninguém prestar tributos memoráveis aos seus alunos, meu carinho e eterno muito obrigada.
Dalmir says
Querida Renata, mais uma vez você me deixa emocionado e com os olhos cheios d’água. Não mereço tanto carinho assim. Obrigado por essa mensagem linda e que me tocou fundo o coração. Só posso agradecer a Deus por ter me dado alunas(os) maravilhosas(os) como você. Obrigado Senhor. Obrigado Renata. Que Deus continue te abençoando e te iluminando para que possa nos brindar com suas mensagens que sempre me encantam. beijos, abraços, carinhos. Dalmir trotta
Renata Feldman says
Querido professor,
Quem diria que a matemática seria capaz de me inspirar um dia!… Tudo “culpa” sua. E por puro merecimento.
Muito obrigada por tudo, abraço carinhoso!