Por engano dois bebês são trocados
logo após o nascimento.
Por engano, susto, pânico eles se misturam no refúgio,
nascidos que foram em meio ao bombardeio.
O menino israelense ganha o colo da mãe palestina.
O menino palestino ganha o colo da mãe judia.
Os meninos crescem, a verdade aparece
com a força de uma granada.
Apesar das diferenças tão abissais e gritantes,
os dois filhos se encontram.
As duas famílias se reúnem para jantar.
Os olhares se cruzam.
Os lábios entoam uma canção familiar.
As raízes se ampliam.
As fotografias falam.
A tocante ficção de “O Filho do Outro”
é vida real na história de algumas vidas.
Por engano se cometem erros,
desastres, equívocos sem fim.
Por pertencimento rompem-se barreiras,
desfazem-se mal-entendidos,
se desmancha um muro inteiro.
A sensação de pertencer a uma família, uma pátria,
uma barriga ou a um time de futebol
fica desde sempre registrada
na alma, no sangue, na carne.
Impressão digital, profundamente emocional,
que guerra nenhuma jamais apaga.
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