Domingo é dia de faxina lá em casa.
Tesourinha de unha, cotonete Johnson, mãe judia a postos no sofá esperando quem vem primeiro.
– Lé-eeeeo!…Be-llaaaa!…
A pequerrucha chega primeiro, estende as mãozinhas como se estivesse no salão de beleza e ainda pede esmalte. O pequerrucho demora, enrola, foge, reclama e acaba no sofá, inconformado.
Meu trabalho é minucioso: além de cortar as unhas tenho que tirar o excesso de massinha, argila, sujeira. Ok. Como diz um famoso slogan de sabão em pó, “se sujar faz bem.”
Depois de um desses “longos” rituais, louco para correr do sofá e continuar a brincar de lego, o Léo me solta essa:
– Mãe, por que as mulheres são tão “detalizadas”?
(…)
Ah, meu filho, nem te conto.
Um dia ainda você vai acessar (se é que já não começou a fazer isso) a alma das mulheres e esse “default detalhizado” que faz de nós seres incrivelmente singulares. Detalhistas na corujice, no perfume, no pano de prato. No retrato, na rotina, no trato. Na alegria, na taça de vinho, no desabafo. No batom, no chocolate, nas rugas que desenham anos de trabalho ou minutos de intensa felicidade. Irritantemente detalhistas na TPM, no chilique, no vestido: vermelho exuberante ou pretinho indefectível? Deliciosamente detalhistas no supermercado, no café com as amigas, no penteado da filha: meio-rabo ou maria-chiquinha? Essencialmente mulheres nesse nosso jeito de amar e se apaixonar pela vida, nos mííííííínimos detalhes. “Detalizadamente”.
Line says
Como sempre, PERFEITO!!
Letícia Myrrha says
É sempre bom fazer uma visita. Gostoso ler seus textos, sempre tão cheios de delicadeza. Parabéns pela publicação do livro! Muitos beijos
Renata Feldman says
Obrigada, Line!
Abraço carinhoso!
Renata Feldman says
É sempre bom receber visitas, Letícia! E a sua me deixa muito feliz!
Muitos beijos!
PC says
Nem Freud entendeu direito essas meninas, Léo.
Respire fundo e torce que acaba dando certo…
Renata Feldman says
“Belezinha, PC. Eu também não entendo elas.
Abraço do Léo