Para homenagear o Dia do Psicólogo, a Assessoria de Imprensa da Estácio me pediu para escrever um artigo com o tema acima.
Resolvi homenagear o cliente – aquele que procura um consultório de psicologia não por loucura (até porque o louco não tem discernimento para procurar ajuda), mas por necessidade, vontade, angústia, dor que não pára de doer.
Dói a solidão, o medo, o trabalho incessante. Dói a desilusão amorosa, a falta de emprego, a ausência dos pais. Dói estar consigo mesmo e se deparar com questões aparentemente impossíveis de responder. Dói se olhar no espelho e ver uma imagem muito distante daquela que se idealizou.
“Problema de cabeça”? Ou problemas que lotam a cabeça? Problemas de todos os tipos, formatos, tamanhos. (Afinal, quem é que não tem problema?) Faz parte da vida sofrer, doer, crescer. Mas esse processo pode ser menos doloroso e confuso quando a pessoa olha para dentro de si e acaba se enxergando. “Muito prazer, eu sou essa senhora que o luto tomou.” “Muito prazer, eu sou esse menino que não quer crescer.” “Muito prazer, eu sou a mulher que ainda não se encontrou.”
Os problemas vão e vem. Não escolhem sexo, idade, raça ou religião. Simplesmente entram na vida de cada um sem pedir licença, arrombando a porta. E se terapia é loucura, as mulheres ganham na “camisa-de-força”. Usam sua sensibilidade e seus hormônios à flor da pele para chorar suas dores, vivenciar seus terrores, enfrentar mudanças. O homem ainda é mais resistente, até porque aprendeu que “homem não chora”. (E o que não falta no consultório é caixa de lenço.) Mas até essa realidade vem mudando. Os homens estão aprendendo a chorar.
Conhecer-se a si mesmo é o primeiro passo para mudar o rumo da própria história e seguir seu caminho, feliz. De bem com a vida. Com auto-estima. Com gosto de desfrutar os pequenos momentos da vida, aprendendo a conviver com os momentos que não se pediu para viver.
Haja coragem. Haja vontade. Haja disposição para fazer essa travessia ao encontro de si mesmo e se deparar com verdades que muitas vezes não se quer enxergar.
Eu também já fui cliente um dia. É por isso, inclusive, que carrego a mão nesta homenagem.
Paulinho Legal says
Muito legal Renata. Discordo da questão de que o louco não tem discernimento, o louco é vítima do preconceito e tudo que ele faz é sempre desqualificado devido a uma cultura segregadora que associa loucura com incapacidade. Os loucos são pessoas sensíveis que não tem espaço neste mundo por serem improdutivos para o mercado. Mas loucos sabem fazer muitas coisas legais.
Renata, olha no meu blog o que escrevi sobre o amor. Gostaria da sua opnião sincera, mesmo que ache ridículo, pois escrevi com o coração e não com a razão.
Um abraço e felicidades
Michelly Ferreira says
Muito bom esse artigo sobre a Terapia.
Acho muito difícil alguém não se identificar.
“Sempre gostei dessa frase:”O que tiver que ser será”…
Um grande abraço!
Silvia Barbosa says
A partir do momento que passei a fazer terapia, comecei a me interpretar….
Parabéns pela postagem. Parabéns pelo seu dia !!!
Bê Sant Anna says
Ainda acho que o “cliente” é “paciente”. Faço análise h á bastante tempo. Semanticamente, AO MEU VER, tratá-lo como cliente é minimizar sua condição, ou deslocar sua condição para um lugar outro, que não sei exatamente se é o dele… acho que todos nós, no fundo, somos pacientes na medida em que esperamos o encontro que você cita, o “muito prazer” com o eu que em alguns momentos se tenta – mesmo que inconscientemente – negar. Quem faz terapia ou análise já entendeu sua condição de espera. E espera, não necessariamente é passiva… acho que a verdadeira espera é ativa. Adorei seu texto. Não sou seu fã à toa. Bê ijos meus e na família inteira. 🙂
Ana says
Com certeza, encontrei aqui o melhor post do ano! Além de adorar o tema, sou fã do divã da analista.
Parabéns pelo dia, Renata!
Um beijo,
Ana.
PS.: Pensei que ia te conhecer na jornada do GEPMG. Não foi dessa vez…
Renata Feldman says
Paulinho,
Fico feliz com o seu comentário, obrigada pela visita!
Quanto ao louco, estava me referindo ao sujeito alienado,delirante, que não percebe que precisa de ajuda. O louco estereotipado e que – concordo com você – sofre preconceito da sociedade sim. Há vários graus de loucura e, como diria Caetano, “De perto, ninguém é normal”.
Gostei muito do seu texto, você escreveu com o coração sobre um dos temas mais nobres que Deus já inventou: o amor.
Um grande abraço!
Renata Feldman says
Michelly,
Essa é uma das minhas frases favoritas também! Quando a gente diz que “o que tiver que ser será”, sai do controle e tudo fica mais leve!…
Abraço carinhoso, obrigada pela visita!
Renata Feldman says
Obrigada, Silvia!
Costumo dizer que quem faz terapia marca um encontro consigo mesmo!…
Abraço, obrigada pela visita!
Renata Feldman says
Bê querido,
Obrigada pelo carinho de sempre!…
Interessante a sua análise.
Nesse mundo movido por tanta pressa e angústia, paciência vale ouro.
Abraço carinhoso!
PS: Você tá muito chique na TV, fazendo uma boa propaganda política!
Renata Feldman says
Então nos encontramos, Ana! Também adorei escrever sobre o tema que, para mim, é um dos mais apaixonantes!…
Que pena não ter te conhecido pessoalmente!… Queria muito ter ido à Jornada, mas foi justamente na véspera do Dia dos Pais e tive que dar uma entrevista… O próximo encontro já está agendado, farei o possível para ir!
Beijos carinhosos
Paulinho Legal says
Obrigado pelo comentário. Espero que possamos trocar mais figurinhas.
Um abraço e felicidades!
Renata Feldman says
Será um prazer, Paulinho!
Abração!
Vick says
Sei não hein, não pergunta isso pra Karla… kkkkkk
Renata Feldman says
Por que, Vick? Agora fiquei curiosa!…
Diga à Karla que estou querendo muito conhecê-la pessoalmente, e agradecer o bem que tem feito a amigas preciosas como você!
Beijos
Rosângela Fontana. says
Lindo texto, aliás sempre com palavras certas no momento certo. Estamos o tempo todo precisando uns dos outros (Graças a Deus), pois não somos uma ilha. Tenho vivido momentos intensos desde essas cirurgias (dores, medicamentos..), mas com muita vontade de viver. Tem uma frase de Clarice Lispector que diz ” a vida é um soco no estômago”., e acho que ainda sinto um pouco de dor. Aí vem a solicitude que acredito que é uma experiência que só eu possa vivenciar. Diferente da solidão, a solicitude está associada a sentimentos positivos, á alegria de estar sozinho. Portando a necessidade de procurar alguém sem achar que isso se assemelhe a loucura. Muito obrigada.
Renata Feldman says
Vejo você transformando dor em amor, essa rima pra lá de bonita. Espero que fique bem, Rosângela! Com poesia, terapia, alegria, outras rimas que tornam o nosso viver mais leve.
Abraço e obrigada pela visita! Volte sempre!
Cristina says
Verdade , não é nada fácil fazer terapia, pois requer mesmo muita coragem, por isso muitos resistem a ela.
E realmente as mulheres são ainda a maioria nos consultórios….. ainda bem que os adolescentes meninos enxergam isso de um forma muito mais natural que os seus país e avós.
Renata Feldman says
Sim, as coisas estão mudando. Que bom que estão!… Com a pandemia, especialmente , a psicologia passou a ser buscada de uma outra forma. Sei que suspeita para falar, mas… o mundo não seria muito melhor se todos fizessem terapia? Tenho certeza que sim.