Acabo de voltar, toda feliz, de um encontro com o Grupo de Terceira Idade Bem Viver, do Olympico Clube. Uma vez por mês me reúno com estas pessoas tão vividas e cheias de vida para conversarmos sobre emoções, sentimentos, perdas, vivências, etc.
Hoje o tema foi Felicidade. Essa palavrinha tão comum e almejada que está muito mais dentro da gente do que fora. Que reside muito mais na simplicidade do que na complicação. Que é chão e ao mesmo tempo céu, e tem uma capacidade enorme de nos fazer sentir inteiros.
E se a gente troca o c pelo z, vira feliz idade. Nem a terceira, nem quarta, nem primeira. Simplesmente a idade que a gente tem hoje. Agora, neste exato momento, é hora de ser feliz. Depende do seu olhar. Da direção que a sua vida toma. Do pensamento que você tem.
O que é felicidade, para você?
Bê Sant Anna says
Assim como acho uma babaquice de marca maior essa coisa de “afro descendente”, acho no mínimo triste essa denominação hipócrita e preconceituosa “melhor idade”. Não tem essa de melhor nem essa de pior. É idade, diferente das outras, com coisas boas e ruins, com limitações e proveitos afins…
Felicidade pra mim seria a natureza, a verdade, o bem, o bom e o belo convivendo em harmonia.
Renata Feldman says
Concordo com você, Bê. A melhor idade é aquela que a gente tem hoje. Cada uma representa uma fase, uma descoberta, uma dificuldade, um sentido de vida… Acho que criaram essa frase – “Melhor Idade” (será que foi um publicitário?) para tentar apagar algo que já foi pejorativo um dia. Envelhecer hoje está muito diferente de alguns anos atrás.
Se você busca ser feliz, não importa a sua idade, já valeu a pena estar vivo.
fly in says
Dona Cacilda é uma senhora de 92 anos, miúda,
e tão elegante, que todo dia às 08 da manhã ela já está toda vestida, bem penteada e discretamente maquiada, apesar de sua pouca visão.
E hoje ela se mudou para uma casa de repouso: o marido, com quem ela viveu 70 anos, morreu recentemente, e não havia outra solução.
Depois de esperar pacientemente por duas horas na sala de visitas, ela ainda deu um lindo sorriso quando a atendente veio dizer que seu quarto estava pronto. Enquanto ela manobrava o andador em direção ao elevador, dei uma descrição do seu minúsculo quartinho, inclusive das cortinas floridas que enfeitavam a janela.
Ela me interrompeu com o entusiasmo de uma garotinha que acabou de ganhar um filhote de cachorrinho.
– Ah, eu adoro essas cortinas…
– Dona Cacilda, a senhora ainda nem viu seu quarto… Espera um pouco…
– Isto não tem nada a ver, ela respondeu, felicidade é algo que você decide por princípio. Se eu vou gostar ou não do meu quarto, não depende de como a mobília vai estar arrumada… Vai depender de como eu preparo minha expectativa.
E eu já decidi que vou adorar. É uma decisão que tomo todo dia quando acordo.
Sabe, eu posso passar o dia inteiro na cama, contando as dificuldades que tenho em certas partes do meu corpo que não funcionam bem…
Ou posso levantar da cama agradecendo pelas outras partes que ainda me obedecem.
– Simples assim?
– Nem tanto; isto é para quem tem autocontrole e exigiu de mim um certo ‘treino’ pelos anos a fora, mas é bom saber que ainda posso dirigir meus pensamentos e escolher, em conseqüência, os sentimentos.
Calmamente ela continuou:
– Cada dia é um presente, e enquanto meus olhos se abrirem, vou focalizar o novo dia, mas também as lembranças alegres que eu guardei para esta época da vida. A velhice é como uma conta bancária: você só retira aquilo que guardou. Então, meu conselho para você é depositar um monte de alegrias e felicidades na sua Conta de Lembranças. E, aliás, obrigada por este seu depósito no meu Banco de lembranças. Como você vê, eu ainda continuo depositando e acredito que, por mais complexa que seja a vida, sábio é quem a simplifica.
Renata Feldman says
Que graça essa Dona Cacilda, fly in! Quero ser igual a ela “quando eu crescer”!…
Lindo o seu comentário, obrigada!