A convite do meu amigo Bê Sant´Anna (professor, publicitário, locutor e blogueiro, apaixonado pelas palavras faladas e escritas), abro aqui um espaço para falar do silêncio. Não do silêncio generosamente propiciado pela ioga, alunos interessados ou ruas vazias, mas o silêncio constrangedor – aquele que incomoda, agride, embaraça, machuca.
Talvez você já tenha passado por alguma destas situações:
( ) Descer 15 andares de elevador na maior falta de graça, tendo que quebrar o gelo com o velho : “Está frio, né?”
( ) Sofrer com o(a) namorado(a) (leia-se também marido, esposa) emburrado(a), com uma “tromba” de todo o tamanho.
( ) Mandar um e-mail e não receber a tão esperada resposta.
( ) Ficar olhando pro terapeuta sem ter absolutamente nada para dizer.
Num mundo tão acostumado a falar, falar, falar, o silêncio soa às vezes como um indesejável penetra de festa. Inconveniente, incômodo, embaraçoso, constrange-DOR.
Grandissíssimo paradoxo este: o silêncio fala alto, grita, faz um barulho danado.
Faz parte.
Ana Cristina says
Ei Renata, adorei o tema e o texto!
E quero dar minha opinião ….
Realmente o silêncio é sempre constrangedor principalmente para nós mulheres que falamos tanto! Tenho a sensação que quando bate um silêncio tentamos começar a falar qualquer coisa para quebrar o momento e aí fica pior. Já os homens não. Eles ficam em silêncio com mais facilidade e acham isso menos “anormal”. Depois de ler sobre isso estou me pergutando. o silêncio que é constrangedor ou a tentativa de quebrar esse silêncio? Nos dias de hoje silêncio é bom , faz bem e faz falta.
Um beijo
Ah … Qdo puder faça uma visitinha no blog da minha loja, para conhecer. http://www.griffesoutlet.blogspot.com
Patricia Caetano says
Como canta Arnaldo Antunes
…antes de existir alfabeto existia a voz
antes de existir a voz existia o silêncio
o silêncio
foi a primeira coisa que existiu
um silêncio que ninguém ouviu
astro pelo céu em movimento
e o som do gelo derretendo
o barulho do cabelo em crescimento
e a música do vento
e a matéria em decomposição
a barriga digerindo o pão
explosão de semente sob o chão
diamante nascendo do carvão
homem pedra planta bicho flor
luz elétrica tevê computador
batedeira, liquidificador
vamos ouvir esse silêncio meu amor
amplificado no amplificador
do estetoscópio do doutor
no lado esquerdo do peito, esse tambor
Beijo! : )
Sabina Insustentável says
Uau! Me identifiquei muito com os episódios de silencio constragedor que vc listou! Sem contar o arremate genial: “o silêncio fala alto, grita, faz um barulho danado” .O Bê me propos o desafio tb! Pensarei no texto sobre o assunto.
Um beijo.
Keep Writing.
Renata Feldman says
Ei, Ana Cristina,
Interessante a sua reflexão… Diria até que foi transmissão de pensamento, pois cheguei mesmo a pensar em abordar (mais uma vez) aqui a diferença entre os sexos, e acabei deixando passar…
Só pode ser mesmo algo hormonal, fisiológico, o tanto que sentimos necessidade de falar, enquanto os homens silenciosamente refugiam-se nas suas “cavernas”…
Boa pergunta a sua! Será que a gente tem que ficar sempre tentando quebrar o silêncio? Por que essa recusa em falar nada e ouvir nada? Deixa o silêncio entrar, ele tem um sentido e um significado e, especialmente se for natural, pode fazer muito bem…
Adorei saber da sua loja, vou correndo lá fazer uma visita!
Beijo grande.
Renata Feldman says
Patrícia querida,
Que letra mais linda, tudo a ver com o post de hoje…
É isso mesmo: sem o silêncio, como ouvir o coração?
Beijos.
Renata Feldman says
Sabina,
Muito prazer em te conhecer!
E acho que você não está sozinha nesta identificação dos episódios “silenciosamente constrangedores”, viu? Acho que é algo meio universal…
Estou curiosa para ver o seu texto! O assunto dá pano pra manga!
Beijos, inté!…